quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A função do sentimentalismo romântico

O sentimentalismo romântico - que goza de acolhimento extremamente favorável nos Media - é um poderoso instrumento de socialização das mulheres que se torna tanto mais importante quanto mais se caminha para a sua emancipação previsível.

Com o sentimentalismo romântico pretende-se reduzir o horizonte das mulheres ao amor, levando-as a abdicarem voluntariamente de qualquer outro tipo de realização, ou, pelo menos, a secundarizarem-no.

O sentimentalismo romântico apresenta três componentes que se interligam e reforçam mutuamente: o erotismo; a privatização sexual e o ideal de beleza; os três, atuando subrepticiamente, visam a que as mulheres não ponham em causa o lugar que desde sempre ocuparam na sociedade.

Do erotismo, o homem é o beneficiário e a mulher o objeto de culto; o erotismo funciona no sentido de despertar o desejo sexual do homem pela mulher, mas apenas se espera que ela sinta prazer em ser desejada. É um erotismo de um só sentido e confirma a mulher como objeto sexual que se sente encantada por o ser e que não aspira a firmar-se como sujeito.

A privatização sexual das mulheres tem como objetivo o estabelecimento de identidade entre individualidade e sexualidade; com ele pretende-se que as mulheres não sejam capazes de distinguir a sua própria personalidade individual do seu sexo, são reduzidas ao sexo e assim ignoram os seus interesses comuns enquanto pessoas.

O ideal de beleza imposto conduz a que todas as mulheres pareçam iguais, se despersonalizem, sujeitando-se à tirania da moda.

Com tudo isto, como diz Shulamith Firestone, na sua linguagem corrosiva, as mulheres “parecem iguais; pensam igual e, pior que tudo, são tão estúpidas que acreditam que não são iguais”.

3 comentários:

  1. Presente , e atento á leitura dos temas aqui descritos, quando tiver mais tempo vou dedicar um pouco mais atenção ao mesmo

    Com os melhores Cumprimentos
    Directamente de Coimbra

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  2. Olá António
    Espero mesmo que dê atenção; pelo menos para já cumpriu a promessa.
    abraço, adília

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  3. Uma vez eu li que esse sentimentalismo era inato da mulher, porque ela é mãe e precisa de uma macho pra sustentar ela. Como sempre alguns que se dizem cientistas adoram dá embasamento científicos para esses esteriótipos. Nunca concordei com isso.

    Há uma pequena sociedade na China que é matriarcal, lá as mulheres não se casam e seus parceiros só a procuram a noite. Eles apenas dormem com elas e vão embora pela madrugada. A paternidade não é levada em consideração, o quando é levada há um sigilo do nome do pai. Ou seja os filhos são da mulher. Quem assume o papel do pai são os homens da família da mulher. Parece que lá esse sentimentalismo todo não é levado em consideração.

    Muito bom seu blog, tenho acompanhado há algum tempo e acho muito interessante esses assuntos, outras mulheres deveriam ler mais sobre isso.

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