segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sexismo: a Banalidade do Mal

«Especificamente, o mal do sexismo não é perpetrado por monstros ou pervertidos (embora haja actos monstruosos cometidos por homens individuais); não, o sexismo é o crime de pessoas vulgares, principalmente, de homens vulgares que, na sua vulgaridade, são incapazes de pensar ou não desejam pensar, questionar-se a eles próprios, responder às questões acerca das suas próprias vidas.
A inconsciência do sexismo é manifesta no uso de clichés triviais («as mulheres são para estar em casa», «as mulheres merecem-na [a violação] e muitos outros); no uso de linguagem burocrática, no uso de linguagem que revela a incapacidade ou a não vontade do falante de universalizar, no sentido ético do termo (isto é, de se comprometer a ser tratado do mesmo modo que trata os outros); no carácter reducionista de muitas afirmações sexistas («tudo o que querem é poder»; quando as mulheres dizem Não querem dizer Sim»); na falta de vontade de serem informados acerca do que está a acontecer, especialmente a dor inconcebível que é provocada diariamente pelo sexismo, e por aí fora.”
Ignacio L. Götz: The Culture of Sexism, Praeger Publishers, Westport, CT. Publication, 1999, p.73.

2 comentários:

  1. Achei bastante interessante o uso do conceito de banalidade do mal para se falar de sexismo. Mas, devo dizer uma coisa: pessoas vulgares são capazes de questionamento. E, elas se questionam. O grande problema é que elas acabam agindo de má-fé por não ter coragem de romper com o universo que lhes foi dado para, finalmente, procurar agir com razão em busca da liberdade.

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  2. Bem, tenho de concordar que sobretudo em relação a pessoas com alguma cultura faz sentido falar em má-fé, mas também não podemos esquecer as circunstâncias que envolvem a vida das pessoas e que condicionam essa atitude, por isso é que seria importante que a educação que ministramos as nossas crianças e à juventude tivesse sempre no horizonte o estimular do pensamento crítico, coisa que como sabemos ocorre raramente. As pessoas, já de si preguiçosas, são pouco estimuladas a pensar criticamente porque se calhar isso nem interessa ao statu quo.

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