quinta-feira, 15 de abril de 2010

A liberdade das mulheres depende da sua participação nas diferentes formas de poder

A libertação das mulheres requer um conjunto de condições objectivas que a tornem de facto, e não apenas de direito, possível. E essas condições para serem preenchidas dependem da participação das mulheres nos diferentes órgãos de poder político em paridade com os homens, bem como da sua participação na vida económica e cultural nos mesmos termos. Enquanto o mundo e os órgãos de decisão pertencerem aos homens em proporções avassaladoras, como ainda hoje se verifica, os obstáculos reais vão permanecer e os progressos talvez continuem a verificar-se, mas num ritmo extremamente lento e com avanços e retrocessos.
A imagem acima documenta duas coisas, uma é a de que, mesmo no mundo ocidental, o número de mulheres nos órgãos de poder político é diminuto, parece-me que conto trinta homens e apenas duas mulheres na foto do governo de Israel, em cima, e mesmo estas duas foram apagadas digitalmente da fotografia que foi publicada por um jornal israelita ultra-conservador que se recusa a publicar imagens de mulheres.
É para estes aspectos que o texto de Natasha Walter chama a nossa atenção e é melhor não fazermos ouvidos moucos e pensarmos que, assim como foi imprescindível aceder ao direito de voto para alterar a nossa situação, também vai ser preciso aceder ao poder político pleno bem como ao económico e cultural para que não mais se repitam situações infamantes como a documentada nesta imagem!


«As mulheres moveram montanhas no sentido de despertarem a consciência das pessoas para a violência sexual e doméstica. Se ainda se encontram em desvantagem na obtenção de justiça para as mulheres que são violadas ou para encontrar protecção para as mulheres em risco nas suas próprias casas não é porque os seus argumentos não são comoventes e convincentes; mas sim porque não há um número suficiente de mulheres nas forças policiais e nos órgãos judiciais para dar todo o peso à palavra da mulher; não há mulheres em número suficiente no Parlamento e nos Serviços Civis para desenhar legislação que faça sentido para as mulheres. Somente quando as mulheres estiverem tão bem representadas quanto os homens nas forças policiais e nos tribunais se encontrará justiça para as mulheres. Somente quando as mulheres tiverem os mesmos papéis no Parlamento e nos Governos, a legislação tratará com igualdade homens e mulheres. Somente quando mulheres e homens tiverem igual independência financeira, as mulheres serão capazes de escapar de relações abusivas, quando o pretenderem; e, se decidirem ficar, saberão que essa é a sua escolha. Enquanto o suporte da desigualdade material não for suprimido, as mulheres não serão livres.”
Natasha Walter: The new Feminism, Virago Press, London, 1999, p. 223-224.

Sem comentários:

Enviar um comentário