segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sexo e amor em Immanuel Kant: reciprocidade - a regra de ouro

Kant (1724- 1804), que nunca casou e cuja vida amorosa parece ter sido praticamente inexistente, deixou algumas considerações sobre a vida sexual que hoje no mínimo nos parecem estranhas, como, por exemplo, quando refere o grave crime moral que seria a masturbação ou a prática de sexo fora de uma união conjugal. Mas, apesar disso, contribuiu para uma concepção muito positiva da sexualidade:

“Nas Leituras sobre Ética, Immanuel Kant afastou-se da ideia tradicional de que o sexo serve apenas para a procriação. Kant acreditava que fora do casamento o sexo degradava a natureza humana e uma pessoa era usada como um «objecto de apetite»: uma pessoa não é desejada como uma pessoa, mas é usada como uma coisa. Em contrapartida, no casamento monogâmico, as duas pessoas «garantem uma à outra direitos iguais recíprocos, numa união de seres humanos que envolve a pessoa no seu todo». O casamento é o único uso moralmente correcto do sexo. Num casamento monogâmico uma pessoa não está a ser usada como um objecto sexual. “

Kant, apesar do puritanismo que as suas considerações pressupõem, teve o mérito de: (1) não reduzir o sexo à função procriativa; (2) reconhecer, implicitamente, que é a procura de prazer que move aqueles que se envolvem no acto sexual; (3) entender a reciprocidade como exigência ética da vida sexual; (4), insistir em que a pessoa não seja tratada como um objecto sexual. - a reciprocidade é a regra de ouro de uma sexualidade gratificante e saudável.

2 comentários:

  1. Bem q eu gostaria de ver essa igualdade de posições M-F num casamento... onde um não usa o outro como objecto... mas...

    Nana 8D

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  2. Kant curiosamente não pretende que um não use o outro, o que ele diz é que esse uso deve ser recíproco e eu penso que em casais modernos na verdadeira acepção da palavra já há essa reciprocidade, isto significa que cada um para além de querer obter o seu prazer, o que é legitimo, deve preocupar-se com que o outro também tenha prazer, preocupação genuína e não aquele simulacro que se vê na maior parte da pornografia que é nitidamente sexista e por vezes mesmo misógina, e que tratarei mais adiante.

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