sábado, 9 de maio de 2009

Sexismo hostil

Tendo abordado num dos últimos posts o sexismo benevolente, vou hoje referir o sexismo hostil.
O sexismo hostil (1) manifesta-se através de uma atitude paternalista dominadora; (2) salienta diferenças na mulher que, numa perspectiva competitiva, a desvalorizam (3) e percebe a mulher como manipuladora através da atracção sexual que exerce sobre o homem. Diferentemente do que ocorre com o sexismo benevolente, o sexismo hostil é abertamente rejeitado pelas mulheres.
Aparentemente estes dois tipos de sexismo são inconciliáveis e não é de supor que as características que os definem possam coexistir no mesmo indivíduo, é mesmo contra intuitivo, pois hostilidade e benevolência em relação a uma pessoa parecem excluir-se reciprocamente. Mas as coisas não se passam exactamente dessa maneira e a ambivalência é precisamente um dos factores que torna difícil a erradicação do sexismo. Apesar das diferenças, os dois tipos estão interligados e aceitar um fornece ao outro alguns justificativos, como bem observam Stephen Kilianski e Laurie Rudman:

«Ao responderem de modo positivo ao sexismo benevolente, as mulheres, inconscientemente, podem estar a apoiar nos homens crenças relacionadas com o sexismo hostil. As diferenças entre as crenças que suportam o paternalismo protector e aquelas que estão implícitas no paternalismo dominador podem ser bastante subtis, (…) os homens, ao desempenharem o papel de provedor e de protector das mulheres, podem vir a sentir-se com direito à dominância.»

Por outro lado, os estereótipos nos quais assenta o sexismo benevolente – que vêem a mulher como frágil e requerendo o cuidado masculino, podem fornecer o pretexto para afastar as mulheres de lugares de responsabilidade, acabando por desempenhar um papel na discriminação de género.

Se queremos caminhar na direcção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva, necessário se torna compreendermos a natureza complexa e por vezes mesmo paradoxal do sexismo.

Sem comentários:

Enviar um comentário